viernes, 10 de enero de 2020

Mint car


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the sun is up,
i'm so happy i could scream,
and there's nowhere else in the world i'd rather be.
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jueves, 9 de enero de 2020

The applicant

First, are you our sort of a person?
Do you wear
A glass eye, false teeth or a crutch,
A brace or a hook,
Rubber breasts or a rubber crotch,
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Stitches to show something's missing? No, no? Then
How can we give you a thing?
Stop crying.
Open your hand.
Empty? Empty. Here is a hand
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To fill it and willing
To bring teacups and roll away headaches
And do whatever you tell it.
Will you marry it?
It is guaranteed
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To thumb shut your eyes at the end
And dissolve of sorrow.
We make new stock from the salt.
I notice you are stark naked.
How about this suit—
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Black and stiff, but not a bad fit.
Will you marry it?
It is waterproof, shatterproof, proof
Against fire and bombs through the roof.
Believe me, they'll bury you in it.
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Now your head, excuse me, is empty.
I have the ticket for that.
Come here, sweetie, out of the closet.
Well, what do you think of that?
Naked as paper to start
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But in twenty-five years she'll be silver,
In fifty, gold.
A living doll, everywhere you look.
It can sew, it can cook,
It can talk, talk, talk.
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It works, there is nothing wrong with it.
You have a hole, it's a poultice.
You have an eye, it's an image.
My boy, it's your last resort.
Will you marry it, marry it, marry it.
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Sylvia Plath | "The applicant".
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miércoles, 19 de septiembre de 2018

As coisas tão mais lindas


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Entre as coisas mais lindas que eu conheci,
só reconheci suas cores belas quando eu te vi.
Entre as coisas bem-vindas que já recebi,
eu reconheci minhas cores nela e, então, eu me vi.
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Está em cima com o céu e o luar,
hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
e séculos, milênios que vão passar.
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Água-marinha põe estrelas no mar,
praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
e penínsulas e oceanos que não vão secar.
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E as coisas lindas são mais lindas
quando você está,
onde você está,
hoje você está
nas coisas tão mais lindas.
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Porque você está,
hoje você está,
onde você está
as coisas são mais lindas.
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lunes, 20 de agosto de 2018

Oração ao tempo


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És um senhor tão bonito
quanto a cara do meu filho;
tempo, tempo, tempo, tempo,
vou te fazer um pedido...
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Poema para habitar

A casa desabitada que nós somos
pede que a venham habitar,
que lhe abram as portas e as janelas
e deixem passear o vento pelos corredores.
Que lhe limpem os vidros da alma
e ponham a flutuar as cortinas do sangue
— até que uma aurora simples nos visite
com o seu corpo de sol desgrenhado e quente.
Até que uma flor de incêndio rompa
o solo das lágrimas carbonizadas e férteis.
Até que as palavras de pedra que arrancamos da língua
sejam aproveitadas para apedrejarmos a morte.
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Albano Martins | "Poema para habitar".
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viernes, 13 de julio de 2018

Escritura

Alguna vez escribiré con piedras,
midiendo cada una de mis frases
por su peso, volumen, movimiento.
Estoy cansado de palabras.
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No más lápiz: andamios, teodolitos,
la desnudez solar del sentimiento
tatuando en lo profundo de las rocas
su música secreta.
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Dibujaré con líneas de guijarros
mi nombre, la historia de mi casa
y la memoria de aquel río
que va pasando siempre y se demora
entre mis venas como sabio arquitecto.
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Con piedra viva escribiré mi canto
en arcos, puentes, dólmenes, columnas,
frente a la soledad del horizonte,
como un mapa que se abra ante los ojos
de los viajeros que no regresan nunca.
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Eugenio Montejo | "Escritura".
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Baby


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Você precisa saber da piscina,
da margarina,
da Carolina
da gasolina.
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Dar sustento a la envidia es noble hazaña

Dar sustento a la envidia es noble hazaña        
porque si ella pecando en su flaqueza        
equivoca la acción de fortaleza,        
su maliciosa calidad no extraña.        
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No en lo imperfecto lo perfecto daña          
como de superior naturaleza        
el de origen oscuro en la nobleza        
halla blanco a las flechas de su saña.        
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Das tanto que alabar que no pudiendo,        
como el que hace enemigos obligando,          
te niega la virtud quien no la siente.        
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Quien más la arguye más la está diciendo        
pues muestra su flaqueza no imitando        
y así por envidioso es maldiciente.        
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Francisco López de Zárate | "Dar sustento a la envidia es noble hazaña".
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El que de ardiente ceguedad regido

A lo mismo
 
El que de ardiente ceguedad regido        

en alas de su llama apresurado        
iba a ser sacrificio de su agrado        
muy de la parte estaba de su olvido.        
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Como del incendioso arpón herido         
de sí desconocido en su cuidado        
reconociese en un cristal helado        
y a su vergüenza espejo fue advertido.        
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Vio la azucena presidiendo al hielo        
por casta de sí misma coronada         
nevando el aire de fragancia preso.        
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Honestose a su luz, o luz del cielo        
que con hielo encendiste el alma helada        
y helaste con ardor la llama impresa.        
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Francisco López de Zárate | "El que de ardiente ceguedad regido".
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Notícia de jornal


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Errou na dose,
errou no amor,
Joana errou de João.
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Garantía de gol

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Vacaciones

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miércoles, 11 de julio de 2018

miércoles, 4 de julio de 2018

Los justos

Un hombre que cultiva un jardín, como quería Voltaire.
El que agradece que en la tierra haya música.
El que descubre con placer una etimología.
Dos empleados que en un café del Sur juegan un silencioso ajedrez.
El ceramista que premedita un color y una forma.
Un tipógrafo que compone bien esta página, que tal vez no le agrada.
Una mujer y un hombre que leen los tercetos finales de cierto canto.
El que acaricia a un animal dormido.
El que justifica o quiere justificar un mal que le han hecho.
El que agradece que en la tierra haya Stevenson.
El que prefiere que los otros tengan razón.
Esas personas, que se ignoran, están salvando el mundo.
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Jorge Luis Borges | "Los justos".
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Amor de índio


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Abelha fazendo o mel
vale o tempo que não voou.
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Os trabalhos e os dias

Sento-me à mesa como se a mesa fosse o mundo inteiro
e principio a escrever como se escrever fosse respirar
o amor que não se esvai enquanto os corpos sabem
de um caminho sem nada para o regresso da vida.
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À medida que escrevo, vou ficando espantado
com a convicção que a mínima coisa põe em não ser nada.
Na mínima coisa que sou, pôde a poesia ser hábito.
Vem, teimosa, com a alegria de eu ficar alegre,
quando fico triste por serem palavras já ditas
estas que vêm, lembradas, doutros poemas velhos.
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Uma corrente me prende à mesa em que os homens comem.
E os convivas que chegam intencionalmente sorriem
e só eu sei porque principiei a escrever no princípio do mundo
e desenhei uma rena para a caçar melhor
e falo da verdade, essa iguaria rara:
este papel, esta mesa, eu apreendendo o que escrevo.
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Jorge de Sena | "Os trabalhos e os dias".
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Cuando tengas otra pareja

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Amores que ya no hay

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viernes, 29 de junio de 2018

No te caés

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Tríptico

I
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Transforma-se o amador na coisa amada com seu
feroz sorriso, os dentes,
as mãos que relampejam no escuro. Traz ruído
e silêncio. Traz o barulho das ondas frias
e das ardentes pedras que tem dentro de si.
E cobre esse ruído rudimentar com o assombrado
silêncio da sua última vida.
O amador transforma-se de instante para instante,
e sente-se o espírito imortal do amor
criando a carne em extremas atmosferas, acima
de todas as coisas mortas.
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Transforma-se o amador. Corre pelas formas dentro.
E a coisa amada é uma baía estanque.
É o espaço de um castiçal,
a coluna vertebral e o espírito
das mulheres sentadas.
Transforma-se em noite extintora.
Porque o amador é tudo, e a coisa amada
é uma cortina
onde o vento do amador bate no alto da janela
aberta. O amador entra
por todas as janelas abertas. Ele bate, bate, bate.
O amador é um martelo que esmaga.
Que transforma a coisa amada.
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Ele entra pelos ouvidos, e depois a mulher
que escuta
fica com aquele grito para sempre na cabeça
a arder como o primeiro dia do verão. Ela ouve
e vai-se transformando, enquanto dorme, naquele grito
do amador.
Depois acorda, e vai, e dá-se ao amador,
dá-lhe o grito dele.
E o amador e a coisa amada são um único grito
anterior de amor.
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E gritam e batem. Ele bate-lhe com o seu espírito
de amador. E ela é batida, e bate-lhe
com o seu espírito de amada.
Então o mundo transforma-se neste ruído áspero
do amor. Enquanto em cima
o silêncio do amador e da amada alimentam
o imprevisto silêncio do mundo
e do amor.
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II
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Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
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Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
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Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
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III
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Todas as coisas são mesa para os pensamentos
onde faço minha vida de paz
num peso íntimo de alegria como um existir de mão
fechada puramente sobre o ombro.
— Junto a coisas magnânimas de água
e espíritos,
a casas e achas de manso consumindo-se,
ervas e barcos altos — meus pensamentos criam-se
com um outrora lento, um sabor
de terra velha e pão diurno.
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E em cada minuto a criatura
feliz do amor, a nua criatura
da minha história de desejo,
inteiramente se abre em mim como um tempo,
uma pedra simples,
ou um nascer de bichos num lugar de maio.
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Ela explica tudo, e o vir para mim —
como se levantam paredes brancas
ou se dão festas nos dedos espantados das crianças
— é a vida ser redonda
com seus ritmos sobressaltados e antigos.
Tudo é trigo que se coma e ela
é o trigo das coisas,
o último sentido do que acontece pelos dias dentro.
Espero cada momento seu
como se espera o rebentar das amoras
e a suave loucura das uvas sobre o mundo.
— E o resto é uma altura oculta,
um leite e uma vontade de cantar.
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Herberto Helder | "Tríptico".
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