lunes, 6 de marzo de 2017

Cantilena

"O solitude! O pauvreté!"
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O céu parece de algodão.
O dia morre. Choveu tanto!
As minhas pálpebras estão
Como embrumadas pelo pranto.
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Sinto-o descer devagarinho,
Cheio de mágoa e mansidão.
A minha testa quer carinho,
E pede afago a minha mão.
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Debalde o rio docemente
Canta a monótona canção:
Minh'alma é um menino doente
Que a ama acalenta mas em vão.
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A névoa baixa. A obscuridade
Cresce. Também no coração
Pesada névoa de saudade
Cai. Ó pobreza! Ó solidão!
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Manuel Bandeira | "Cantilena".
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