sábado, 12 de agosto de 2017

Toma-me ao menos

Toma-me ao menos
Na tua vigília.
Nos entressonhos.
Que eu faça parte
Das dores empoçadas
De um estendido de outono
.
Do estar ali e largar-se
Da tua vida.
.
Toma-me
Porque me agrada
Meu ser cativo do teu sono.
Corporifica
Boca e malícia.
Tatos.
Me importa mais
O que a ausência traz
E a boca não explica.
.
Toma-me anômima
Se quiseres. Eu outra
Ou fictícia. Até rapaz.
É sempre a mim que tomas.
Tanto faz.
.
Hilda Hilst | "Toma-me ao menos".
.

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