martes, 6 de marzo de 2018

Numanoite

Incêndio no céu.
Tudo em fogo, fogo frio.
Tua alma, Marina, ficará
retida nalguma alfândega astral.
Eu, macaco-da-noite, continuarei
ouvindo a música das exferas.
Vou riscar a nata da Via-Láctea.
Arrematar a moça que mata
com seus ossos azuis
e seus pentelhos de prata.
.
Mas há também o impossível, Marina.
Impossível dar conta
de pé na ponta de mais um maio
(depraved May, Christ the Tyger)
de tantos ventos, raios, eventos.
Não há tempo, Marina. O céu vai desabar.
A mata celeste cairá
sobre a minha cabeça.
.
Impossível, doce e dura criança,
saber de todos os lugares.
Algures, entre mulheres e jaguares,
espectros esperam,
corpos caem,
esquinas esquecem.
E é assim mesmo, Marina.
Incêndio no céu.
Tudo em fogo, fogo frio.
.
Afago a luz do quartzo.
Escureço.
.
Antonio Risério | "Numanoite".
.

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