martes, 6 de marzo de 2018

Oca

Cava o passado.
Cava e escava,
escravo.
Cava o chão
do passado.
.
Erra na terra deserta.
Vela a vila desaparecida.
Deita na aldeia abandonada.
Chora na cidade fantasma.
.
Mas cava, escravo.
Cava e escava o passado.
Cava a esmo no ermo.
Cava o mesmo no mesmo.
.
(O alucinado sempre
repetindo o filme;
o criminoso sempre
no local do crime.)
.
Lavra, sulca, escarva.
.
E assim até chegar
ao carvão mais vivo
do ébrio coração escândalo
que brilho ainda resta:
.
uma chama na montanha,
outro fogo na floresta.
.
Antonio Risério | "Oca".
.

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